quarta-feira, 22 de abril de 2009

Iconografia - Uma volta ao passado pela imagem.


Por Genesis Torres

A palavra iconografia pode ser traduzido literalmente como "escrita da imagem" e vem do grego eikon- (imagem) e graphia (escrita).
Até fins do século XVI, a iconografia referia-se especialmente ao significado simbólico de imagens inseridas num contexto religioso. Atualmente o termo refere-se ao estudo da história e do significado de qualquer grupo temático.
Erwin Panofsky foi um crítico e historiador da arte alemã, um dos principais representantes do chamado método iconológico, estudos acadêmicos em iconografia. Nasceu em Hannover (1892) e faleceu em Princeton, Nova Jersey (1968).
Iconografia segundo Panofsky "é um ramo da história da arte cujo objeto de estudo é o tema e significado das obras de arte em contraposição a sua forma" Panofsky também fazia distinção entre iconografia e iconologia. Em seus Estudos em Iconologia (1939) ele definiu a Iconografia como o estudo do tema ou assunto e iconologia o estudo do significado do objeto.
Iconografia é um vocábulo forte no seu significado e traz dentro de sí a amálgama que em muito contribuiu e vem até os dias atuais ajudando a construir a história dos povos na sua coletividade e das pessoas na sua individualidade. Estudando a pré-história vamos encontrar o significado da arte pictórica com motivos religiosos. Nos dicionários a expressão é descrita como conhecimento de imagens, ou formas representadas em obras de arte por gravuras e fotografias.
Segundo a Enciclopédia Itaú Cultural, “também nomeia uma disciplina da História da Arte dedicada a identificar, descrever, classificar e interpretar a temática das artes figurativas”.
Feitas estas considerações de ordem conceitual, quero voltar-me para a história da Baixada Fluminense. Permanentemente somos solicitados a escrever sobre determinada realidade social, econômica, política, cultural e religiosa desta região. Encontramos grandes dificuldades na obtenção de fontes documentais escritas e o que dirá das fontes iconográficas. Mesmo assim, produzimos as pesquisas e esbarramos nas exigências em fazer ilustrações, como imagens de tribos indígenas, fazendas, personagens da história ou das mais variadas realidades do universo cultural e de outras atividades humanas.
As poucas imagens fotográficas que conseguimos, frutos na grande maioria das vezes de doações pertencentes aos álbuns de família, provenientes de Instituições Religiosas e Culturais, onde confiam que tais fotos e objetos serão devidamente preservados e cuidadosamente tratados e que sirvam para descrever a memória da cidade e de seus cidadãos.
No entanto há cidadãos que desconhecendo o valor de uma fotografia e todo o conteúdo nela contida, tem sob sua guarda importantes acervos, cometem erros manuseando permanentemente essas fotos e expondo ao contato com umidade, poeira e fungos produzidos pela má conservação na sua guarda. Vai assim a cidade perdendo sua memória iconográfica e deixando de oferecer para a posteridade importantes registros.
Outra questão relevante é a falta de conhecimento e visão histórica da cidade pelos seus governantes, tanto das Instituições publicas como privadas. Procuramos por exemplo, na Câmara Municipal da Cidade sobre o acervo com imagens, documentos e objetos de momentos importantes na vida do Poder Legislativo como: Posse de uma legislatura, votações de leis, constituinte municipal, fotos dos edis, objetos, símbolos e etc. Pelas mesmas circunstâncias vamos encontrar o Poder Executivo no tocante aos seus eventos. Neste aspecto os registros quando existem viram acervos particulares, quando deveria ser de domínio público e colocado em arquivos devidamente catalogados.
O exemplo mais característico é não saber onde se encontra o desenho original com a respectiva Lei que deu origem aos símbolos da cidade: o Brasão e a Bandeira, da cidade de São João de Meriti.
Faço aqui um desafio, não há na Baixada Fluminense um só município que tem institucionalmente sob sua guarda, de forma catalogada, digitalizada e disponível ao público imagens da cidade desde sua fundação ou emancipação. Não há também um só município que possua um arquivo público, com funções específicas e aberto à pesquisa acadêmica. Não há na estrutura funcional de cada Prefeitura a função do Administrador do Arquivo Público com funcionários de carreira e devidamente qualificados, quando existem são para cumprir exigências legais na guarda de documentos públicos por determinados períodos. O endereço destes acervos é sempre o porão do prédio, o terraço, uma sala sem ventilação e com grandes amarrados de documentos esperando o tempo passar para serem incinerados.
A falta deste acervo não permite ao pesquisador desenvolver seus trabalhos, fazer conclusões, divulgar personagens e enriquecer relatórios. O homem da pré-história não era provido de uma máquina digital mas procurava gravar nas paredes das cavernas e nas texturas das pedras seus feitos e suas caças. Como não eram sociedades letradas, criavam símbolos e imagens que pudessem expressar seus feitos e suas idéias.
As sociedades que compõem a Baixada Fluminense esqueceram do seu tempo e da memória de seu povo, correm o grande risco de não ter no futuro importantes referenciais sobre seu tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário