sábado, 7 de março de 2009

Educação Patrimonial e os desafios da administração pública

Por Gênesis Torres

Dia 01 de janeiro assumiu o comando da Administração Municipal o novo Prefeito Sandro Mattos. Jovem, cheio de entusiasmo, disposição para mudar os rumos de uma cidade tão destruída. Ainda no alvorecer do dia 02 (sexta feira), máquinas, ferramentas, novos secretários e funcionários concentram-se na praça em frente da prefeitura. Dali saíram em direção aos pontos de maior concentração de lixo espalhados pela cidade. Objetivo principal: limpar a cidade e fazer iniciar um processo de conscientização da população quanto os inconvenientes de jogar lixo na via pública.
Ao final da tarde já se via em alguns pontos já conhecidos da população as lixeiras removidas e faixas no local conscientizando a não continuar com aquela prática, se insistir serão multados. No corpo de funcionários uma camisa bem elaborada com os dizeres “todos por uma nova cidade”.
Meriti não é diferente de qualquer outro município da Baixada Fluminense, temos muitas histórias, algumas até folclóricas de prefeitos que fizeram excelentes administrações, mas pecou nos últimos meses de seu governo não recolhendo o lixo e sairam da administração encerrando sua carreira política.
Manter limpa a cidade é dever do administrador público e não lhe dá maiores méritos, o ato de não cumprir com este dever o eleitor o castiga pelo resto de sua vida. No entanto há formas de cumprir com este dever e fazer a diferença. Entre muitas saídas está a de aproveitar o momento para elaborar uma política de reeducação popular quanto a conservação do patrimônio público que modernamente envolve as questões não só do meio ambiente mas também as questões culturais. Mudar comportamentos envolvem projetos que sejam audaciosos e que possam atingir a massa da população, que provoque impacto e que sejam questionadores, este é um ato cultural de educação patrimonial.
Educação Patrimonial se faz num grande Projeto envolvendo a Educação. Se somarmos todas as crianças matriculadas nas redes pública e privada de ensino, chegaríamos a uma número aproximado 150 mil crianças e jovens, junto com estes educandos temos os seus pais e avos, o que elevaria o total para mais de 300 mil pessoas. Se cada escola verdadeiramente envolvesse educandos e seus responsáveis, quanto aos cuidados com o patrimônio público (ruas, praças, jardins, calçadas, rios, valões, prédios públicos e privados, as vias férreas e etc.). Cuidados estes que seriam transmitidos em uma cartilha, onde estariam estabelecidos os deveres do cidadão para com sua cidade. Adotaria também uma política coercitiva para com aqueles que por insistência desrespeitasse as normas estabelecidas.
“Todos por uma nova cidade”, é imperativo que se exige o grau de tolerância zero ao se impor a uma nova ordem. A cidade não pode esperar, os cidadãos chegaram no limiar de um novo tempo, esperando acontecer. Não há como prevaricar, é preciso avançar e não perder mais tempo com questões que há muito já deviam estar resolvidas. A herança é maldita porque não lhe deixa governar, perde-se tempo com políticas do “quintal” quando já deveríamos estar construindo um novo tempo.
Os hábitos e os costumes são adquiridos no meio em que se vive. Os grandes contingentes populacionais que se caracterizam como de baixa renda, moradores nas periferias dos grandes centros urbanos, tem tendências ao relaxamento quanto ao convívio em sociedade, responsabiliza o poder público por tudo que não seja do seu agrado. Banaliza as relações com poder e cobram direitos que são seus deveres.
O administrador público há de ter a consciência dos seus exatos deveres e implantar ações que promovam as transformações na sociedade. A palavra de ordem é sempre ousar e bom senso, não esquecendo dos princípios básicos da administração publica “legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência”.

Um comentário:

  1. Parabéns Professor Gênesis, pela lucidez e coerência nas idéias expostas.
    A dificuldade maior é encontrar pessoas no meio político, capazes de compreender a importância de suas observações. Os antigos discursos das dificuldades de se reunir verbas para desenvolver tais metas já não nos convence mais, porém ainda estão presentes nas desculpas de quem nada pretende mudar.
    Fica a idéia que "se muito eu gastar com o povo, nada vai sobrar para eu poder me locupletar".
    "Todo o cuidado com o quanto gastar, e com quem...não vai desperdiçar dinheiro à toa heim...".
    Educação ambiental, cultura, esportes, revestidos de uma política pública séria e profunda, estão presentes nas sociedades desenvolvidas, implementadas por administradores competentes e com olhar voltado para o futuro.
    Como o senhor bem colocou, o administrador deve (ou deveria quando se candidatou)ter a consciência de seus exatos deveres...mas não tem. Tem a consciência de que agora são mandatários e não servidores.
    Possuem a chave do cofre de uma empresa que por pior que seja administrada, não é atingida pela Lei da Falência.
    A origem do capital investido e que a mantém funcionando, vem do suor e da exploaração do famoso populacho.
    Vamos continuar trabalhando para que, pelo sacerdócio para a qual fomos forjados, formar esse futuro, consciente e honesto administrador.
    Um forte abraço e mais uma vez parabéns!

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